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Segundo os especialistas, o Estado tem ultrapassado em muito os limites do aceitável em relação às crianças e que os pais precisam reagir |FOTO: Ilustração |
A Declaração Universal de Direitos Humanos estabelece que “Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos”. Porém, uma das grandes discussões da atualidade gira em torno de temas morais: as escolas têm o direito de ensinar aos alunos, à revelia dos pais, temas delicados que envolvam a sexualidade?
Na última semana, o assunto foi discutido em um
simpósio organizado Heritage Foundation,
o think tank (centro de pesquisa em
políticas públicas) mais influente do mundo, em parceria com outras seis organizações.
A conclusão é que, embora o Estado tenha seu papel na educação, ele tem
ultrapassado em muito os limites do aceitável, e que os pais precisam reagir.
O cenário americano não difere em muito do
brasileiro porque, assim como no Brasil, embora o governo federal adote um viés
mais conservador, a definição dos currículos depende primariamente dos governos
estaduais. Além disso, em ambos os casos, organizações internacionais como a
ONU financiam programas que, sob a justificativa de promover a saúde sexual e
emocional dos jovens, adotam premissas questionáveis e violam a primazia da
família.
“O Unicef, a agência que deveria apoiar as
crianças, está promovendo essa agenda, e publicando material dizendo que as
crianças têm o direito de acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva sem o
consentimento dos pais”, afirmou Sharon Slater, presidente da Family Watch International, durante o
seminário.
Segundo ela, outras agências da ONU também têm
promovido uma agenda radical no campo da sexualidade. As entidades pró-família
criticam uma abordagem da educação sexual que ignora aspectos morais e convence
as crianças e adolescentes de que os únicos limites à atividade sexual devem
ser a prevenção às DSTs e à gravidez, mas que ambos podem ser contornados com o
uso de preservativos e anticoncepcionais (ou a prática do aborto).
No simpósio, Irene H. Ericksen, pesquisadora do Institute for Research and Evaluation,
apresentou os resultados de um estudo que revisou a literatura sobre o tema.
Depois de analisar 120 artigos sobre o assunto, de acordo com ela, existem mais
pesquisas demonstrando os efeitos negativos da educação sexual ostensiva do que
o contrário; além disso, mais pesquisas apontam para os benefícios de uma
política de promoção da abstinência. Ou seja: não se sustenta o principal
argumento para a educação sexual abrangente na escola - o de que, apesar de
restrições morais por parte da família, a educação sexual deve ser oferecida
desde cedo por uma questão de saúde pública.
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Simpósio foi organizado pelo Heritage Foundation, o centro de pesquisa em políticas públicas mais influente dos mundo |FOTO: AP |
Se se restringisse a elencar os fatos sobre a
sexualidade humana, portanto, a educação sexual abrangente já seria
questionável para públicos de certas idades. Mas a situação é ainda mais grave
porque, com frequência cada vez maior, esse conteúdo vem permeado por uma visão
ideológica radical sobre a sexualidade. Essa concepção inclui a ideia de
“gênero” como algo flexível e separado do sexo. Em grande parte, a batalha das
famílias está na tentativa de incluir esses conceitos nos currículos escolares
como se eles fossem verdades universais. Mas o debate vai além dos currículos
escolares.
“Muito do aprendizado acontece quando notamos os
códigos sociais, como a política da escola para determinado assunto, e não
apenas o que o professor diz em sala de aula. Então, se a escola tratar o
gênero como algo fluido, que existe em um espectro, e tiver, por exemplo,
políticas para os vestiários que aceitem a ideia de que o gênero existe em um
espectro, os estudantes vão incorporar isso”, disse, no seminário, Ryan
Anderson, doutor pela Universidade de Princeton e autor de um livro recente
sobre a militância transgênero.
"Essas políticas e estes currículos não são um
acidente. Eles são o resultado de um esforço deliberado para por ativistas, autoridades
estaduais e federais, e conselhos escolares. Mas os pais é quem sabem o que é
melhor quando o assunto é necessidade de suas crianças”, complementou Angela
Sailor, vice-presidente do Instituto
Edwin J. Feulner.
É, sem dúvida, uma batalha desigual: famílias
contra o peso da máquina estatal e, por vezes, supranacional. Por isso, cada
vez mais, pais têm se organizado horizontalmente, por meio de coalizões locais
ou nacionais que têm como objetivo proteger as crianças do perigo da
sexualização precoce e da doutrinação ideológica envolvendo questões de gênero.
No Brasil, uma das formas de se engajar nesse front é procurar saber o que os
Conselhos Municipais e Estaduais de Educação estão debatendo, já que esses
órgãos têm um poder considerável de decisão sobre os rumos da educação -
sobretudo a educação pública.
Nos Estados Unidos, como no Brasil, ignorar o
assunto já não é uma opção viável para as famílias. “Os pais têm que se engajar
nesses assuntos, e logo, mesmo quando as crianças estejam ainda pequenas, esta
é a realidade de viver no século XXI. Os pais precisam tomar o controle das
interações das crianças nesta área”, resumiu, no simpósio, Andrew Beckwith, do
Instituto da Família de Massachusetts.
Fonte: Gazeta do Povo
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